Márcio França disse ao Jornal da Manhã que 80% da polícia civil é favorável à medida; SIPESP, com apoio de entidades que representam os escrivães, funcionários e investigadores, é contra a transferência

Na manhã desta terça-feira, 17, o governador Márcio França concedeu entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, comentando, entre outros temas, a transferência da Polícia Civil para a pasta da Secretaria da Justiça.

França afirmou que 80% dos policiais civis são favoráveis à medida e não vê necessidade de manter as polícias em uma única secretaria. “Eu não acho que tem que ser junto. Aqui em São Paulo, a Polícia Civil é judiciária, de investigação. Ela está ligada a essa linha e, quando fica junto à polícia militar – que tem 80 mil homens e a civil tem 30 mil homens – evidente ela está em desfavorecimento pelo tamanho dela em todas as coisas orçamentárias”, disse.

Atualmente os policiais civis enfrentam falta de materiais, como rádios de comunicação, essenciais para o atendimento da população de São Paulo, além de lidar com a precariedade das delegacias e com o déficit de servidores.

Dados publicados pelo próprio Governo apontam que o efetivo da Polícia Civil fechou 2016 com um desfalque de 23%, ou seja, contou com 8.147 policiais a menos do que o ideal estipulado por lei.

O Sindicato discorda das afirmações do governador porque, segundo o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto, a mudança de pasta está sendo realizada de maneira nebulosa, além de o diálogo com o Governo estar sendo restringido para os esclarecimentos das dúvidas da categoria.

“Os números sobre a realidade da polícia civil não mentem, mas o governador insiste em afirmar coisas ditas apenas por representantes de uma única carreira da polícia civil. Por isso nos unimos: estamos lutando pelo reconhecimento e pelos direitos da nossa categoria”, afirmou o presidente do SIPESP, apoiado pela Associação dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (AIPESP), pela Associação dos Escrivães de Polícia Estado São Paulo (AEPESP) e pela Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo (AFPCESP).

As entidades reafirmam que a polícia civil faz parte da segurança pública e necessita de estrutura forte para que possa desempenhar o seu papel, o que não acontecerá na Secretaria da Justiça, já que não há previsão de orçamento para os investimentos necessários na Polícia Civil.